O soluço é um reflexo involuntário caracterizado pela contração súbita do diafragma e dos músculos torácicos. Essa ação é seguida pelo fechamento repentino da glote, o que gera o som típico e inconfundível: o “hic”.
No meio médico, o termo técnico para o soluço é singulto. Apesar de normalmente não representar perigo, esse reflexo pode ser incômodo e, em alguns casos, sinalizar problemas de saúde mais sérios.
Por que o soluço acontece?
O soluço acontece quando há um estímulo no nervo frênico, no nervo vago ou na região do cérebro responsável pelo controle da respiração. Diversos fatores podem desencadear esse reflexo, e entender esses gatilhos é o primeiro passo para prevenir episódios frequentes.
Principais causas do soluço
As causas mais comuns de soluço incluem:
- Alimentação rápida ou exagerada: Comer depressa ou em grandes quantidades distende o estômago, o que estimula o nervo frênico.
- Bebidas gasosas e alcoólicas: O excesso de gás pode irritar o estômago e gerar contrações involuntárias.
- Alimentos muito picantes: Podem provocar irritações no trato digestivo, gerando reflexos no diafragma.
- Inalação de fumaça ou substâncias irritantes: Fumaça, gases e cheiros fortes irritam vias aéreas e nervos associados.
- Risos ou choros excessivos: A deglutição de ar durante essas ações pode desencadear o soluço.
- Estresse, ansiedade e medo: Emoções intensas afetam a respiração e a atividade neural, provocando espasmos no diafragma.
- Uso de certos medicamentos: Sedativos, corticoides e quimioterápicos estão entre os mais associados ao sintoma.
- Distúrbios gastrointestinais: Hérnia de hiato, refluxo gastroesofágico e gastrites podem irritar os nervos envolvidos.
- Alterações neurológicas: AVC, traumatismos, tumores ou infecções no cérebro também podem estar associados.
- Desequilíbrio de minerais: Excesso ou deficiência de potássio, sódio ou cálcio no sangue afetam os músculos e os nervos.
- Acúmulo de ureia no sangue, como em casos de insuficiência renal.
- Infecções pulmonares, como pneumonia.
Soluço constante: quando acender o sinal de alerta
O soluço constante, também chamado de persistente ou crônico, pode indicar condições clínicas que merecem investigação.
Possíveis causas do soluço persistente:
- Refluxo gastroesofágico crônico
- Tumores cerebrais ou no esôfago
- Meningite ou encefalite
- AVC ou sequelas neurológicas
- Doenças infecciosas ou inflamatórias
- Lesões na medula espinhal
Quando o soluço dura mais de 48 horas, torna-se fundamental procurar um clínico geral, neurologista ou gastroenterologista.
Classificação do soluço: por que o tempo importa
A classificação do soluço ajuda médicos a determinar a gravidade e indicar exames e tratamentos apropriados.
- Soluço episódico ou agudo: dura alguns minutos até, no máximo, 48 horas. É o tipo mais comum e geralmente inofensivo.
- Soluço persistente: ultrapassa 48 horas, podendo durar até 2 meses. Já exige avaliação médica.
- Soluço intratável: dura mais de 2 meses. Pode estar associado a doenças crônicas ou neurológicas sérias.
Soluço em bebês: é normal?
Sim, o soluço é extremamente comum em bebês, inclusive ainda no útero. Ele faz parte do desenvolvimento dos músculos torácicos e do sistema respiratório.
Nos recém-nascidos, o soluço costuma ocorrer após a mamada, especialmente se o bebê engoliu muito ar ou mamou em excesso.
Quando se preocupar com soluço em bebês?
- Dura mais de 48 horas
- Atrapalha o sono ou a amamentação
- Vem acompanhado de outros sintomas, como febre ou vômitos
Nestes casos, é importante consultar um pediatra para avaliação.
Como parar o soluço: 5 métodos que funcionam
Em grande parte dos casos, o soluço desaparece espontaneamente. No entanto, alguns truques podem acelerar esse processo.
- Prender a respiração
Inspire fundo, segure o ar por até 20 segundos e solte lentamente. Esse método estimula o nervo vago.
- Beber água gelada
A ingestão lenta de água gelada ajuda a interromper os espasmos do diafragma.
- Comer açúcar cristal
Colocar uma colher de açúcar na boca e deixá-la derreter ajuda a interromper o reflexo involuntário.
- Estimular a garganta
Gargarejar com água fria ou engolir pão seco podem funcionar.
- Compressão abdominal
Abraçar os joelhos contra o peito por 30 segundos pode reduzir a contração do diafragma.
Tratamentos médicos para soluço persistente
Se o soluço não passa com métodos caseiros, o médico pode prescrever medicamentos como:
- Clorpromazina: um antipsicótico com efeito calmante sobre o sistema nervoso.
- Metoclopramida: auxilia na digestão e reduz refluxos.
- Baclofeno: relaxa os músculos involuntários e reduz espasmos.
Esses medicamentos devem ser utilizados somente com orientação médica, pois apresentam efeitos colaterais.
Exames que podem ser solicitados
Para investigar a causa de um soluço persistente ou intratável, os médicos podem solicitar:
- Raio-X do tórax
- Ressonância magnética do cérebro
- Ultrassonografia abdominal
- Exames de sangue (ureia, creatinina, eletrólitos)
Esses exames ajudam a identificar alterações neurológicas, inflamatórias ou gastrointestinais que possam estar provocando o sintoma.
Quando o soluço pode ser perigoso?
Na maioria das vezes, o soluço é passageiro. No entanto, ele se torna preocupante quando:
- Persiste por mais de 48 horas
- Atrapalha sono, fala, alimentação ou ingestão de líquidos
- Aparece junto a febre, tosse, dor abdominal ou perda de peso
- Continua mesmo durante o sono
Nessas situações, buscar ajuda médica é essencial.
Conclusão: o soluço pode ser mais sério do que parece
Apesar de parecer apenas um incômodo passageiro, o soluço pode ser um sinal importante de que algo no corpo não está funcionando bem. Se ele for persistente ou causar prejuízos ao bem-estar, a consulta médica é indispensável.
Conhecer as causas, tipos e formas de tratamento do soluço ajuda não só a aliviá-lo rapidamente, mas também a identificar possíveis doenças antes que evoluam.
fonte>> https://www.tuasaude.com/o-que-causa-o-soluco/
