Spa-Francorchamps: Um Circuito Desafiador e Perigoso
Com 7 km de extensão, Spa-Francorchamps é o circuito mais longo da Fórmula 1 e um dos mais rápidos. Ele oferece aos pilotos um misto de longas retas, curvas de alta velocidade e desafios constantes, exigindo uma habilidade excepcional. Entre suas seções mais icônicas está a Eau Rouge, um conjunto de três curvas que desafiam os pilotos a atingirem velocidades impressionantes. Na curva 3, 4 e 5, conhecida como Eau Rouge, os carros podem alcançar até 300 km/h, uma das marcas mais altas em todo o calendário da Fórmula 1.
A curva Eau Rouge é o verdadeiro coração do circuito, sendo um trecho que empolga os fãs e, ao mesmo tempo, desafia os pilotos a manterem o controle do carro em condições extremas. Embora o trágico acidente com Van’t Hoff tenha ocorrido após a curva 6, na reta da Kemmel, a Eau Rouge continua sendo, sem dúvida, o ponto mais perigoso de Spa.
Eau Rouge: A Curva Mais Temida
A Eau Rouge é composta por três curvas (Eau Rouge, Raidillon e a subida íngreme), sendo a mais famosa e perigosa. Ela leva o nome de um riacho de água vermelha, que passa nas proximidades do circuito. Essa parte do traçado é considerada uma das mais desafiadoras devido à inclinação do terreno. Do ponto mais baixo ao ponto mais alto, os pilotos enfrentam uma subida de 41 metros, o que exige aceleração máxima para garantir o melhor desempenho.
Além disso, o fenômeno do “downforce” nos carros de Fórmula 1 também tem impacto direto nessa curva. O downforce é a força aerodinâmica que mantém os carros pressionados para baixo, o que facilita o contato dos pneus com a pista. Isso permite que os pilotos atinjam maiores velocidades, mas também aumenta os riscos. Quanto mais pressão aerodinâmica, mais os carros se colam à pista, permitindo velocidades maiores na subida da Eau Rouge. No entanto, isso também pode tornar os acidentes mais graves, já que um erro de julgamento pode ter consequências devastadoras.
Acidentes na Eau Rouge: A Tragédia de Van’t Hoff e Outros Casos
Infelizmente, a Eau Rouge já foi o cenário de diversos acidentes graves, e o acidente fatal de Dilano Van’t Hoff não é um caso isolado. Em 2019, o piloto francês Anthoine Hubert, de 22 anos, perdeu a vida após um choque fatal com outro carro no final da curva 5. O impacto foi de 81,8g, uma força impressionante que resultou em sua morte. O acidente com Hubert gerou uma onda de tristeza e reflexão sobre a segurança da pista.
Além de Hubert, vários outros pilotos se acidentaram gravemente ou tiveram suas carreiras abaladas pela perigosa curva. Em 2021, Lando Norris quase perdeu o controle do carro e se chocou contra a parede ao final da Eau Rouge durante o treino classificatório do GP da Bélgica. Por sorte, o piloto britânico saiu ileso, mas o acidente foi um alerta sobre os perigos dessa parte do circuito. Em 2022, o sete vezes campeão mundial Lewis Hamilton também teve um susto em Eau Rouge, destacando o quão desafiadora e arriscada é essa parte do percurso.
Outros Incidentes Notáveis
Além dos acidentes com Van’t Hoff e Hubert, vários outros incidentes marcaram a história de Spa-Francorchamps, com a Eau Rouge sendo o local de grande parte desses eventos. Em 2018, o brasileiro Pietro Fittipaldi sofreu um acidente grave durante um treino do Mundial de Endurance, quando o carro perdeu o controle e atingiu a parede de pneus. O neto do bicampeão de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi, fraturou as duas pernas. Outro acidente significativo ocorreu em 2016, quando Kevin Magnussen perdeu o controle do carro na saída da Eau Rouge e bateu violentamente contra a barreira de proteção, felizmente sem ferimentos graves.
Em 2021, o piloto Lando Norris sofreu um acidente no final da Eau Rouge, resultando na interrupção do treino classificatório. O incidente, em conjunto com a forte chuva, levou ao cancelamento da corrida do GP da Bélgica, após uma série de incidentes e condições adversas.
Histórico de Acidentes Marcantes na Eau Rouge
A Eau Rouge, ao longo dos anos, foi palco de muitos acidentes, alguns deles muito graves. Alguns dos mais notáveis incluem:
- 1987: Philippe Streiff e Jonathan Palmer
- 1990: Paolo Barilla
- 1992: Gerhard Berger
- 1993: Alex Zanardi
- 1998: Jacques Villeneuve
- 1999: Jacques Villeneuve e Ricardo Zonta
- 2004: Ryan Briscoe
- 2004: Christian Klien e Takuma Sato
Cada um desses acidentes reafirma a natureza traiçoeira da Eau Rouge e a constante necessidade de melhorias na segurança do circuito.
Conclusão: Desafios e Segurança em Spa-Francorchamps
Spa-Francorchamps é, sem dúvida, um dos circuitos mais emocionantes e históricos do automobilismo. Porém, a combinação de altas velocidades, curvas desafiadoras e a famosa Eau Rouge tornam-no um dos mais perigosos também. O acidente trágico com Dilano Van’t Hoff é mais um lembrete de que, apesar dos avanços em segurança, os riscos permanecem presentes. O debate sobre a segurança de Spa-Francorchamps deve continuar, com o objetivo de reduzir ao máximo as possibilidades de acidentes fatais, preservando a integridade dos pilotos e garantindo que a emoção e o espetáculo da Fórmula 1 sejam vividos com segurança.