Índice
ToggleMedida amplia alíquotas para dezenas de países; Brasil sofre impacto direto nas exportações, apesar de exceções em setores estratégicos
Os Estados Unidos oficializaram uma nova etapa em sua política comercial ao atualizar as tarifas de importação aplicadas a dezenas de países. Com alíquotas variando entre 10% e 50%, a medida foi assinada pelo presidente Donald Trump em 31 de julho de 2025, por meio de uma ordem executiva. O início da vigência, que estava previsto para o início do mês, foi adiado para 7 de agosto. A decisão reforça a postura protecionista do governo americano e tem implicações diretas para o comércio internacional — especialmente para o Brasil, que permanece com a tarifa mais alta da lista: 50%.
A nova política tarifária dos EUA visa combater práticas comerciais consideradas desleais, proteger a indústria nacional e responder a países que, segundo a Casa Branca, não demonstraram disposição para renegociar acordos de forma satisfatória. Segundo comunicado oficial, trata-se de uma ação emergencial para preservar os interesses econômicos dos norte-americanos em um cenário de crescente instabilidade comercial global.
Brasil permanece como principal alvo da política tarifária
Entre os mais de 70 países atingidos pela nova rodada de tarifas, o Brasil se destaca negativamente. A tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos foi mantida, mesmo após intensas negociações diplomáticas. De acordo com o governo americano, a decisão se baseou em “distorções estruturais” nas relações comerciais bilaterais e na falta de um novo acordo satisfatório até o prazo final estipulado, que era 1º de agosto de 2025.
Apesar disso, cerca de 700 produtos brasileiros foram excluídos da tarifa de 50%, conforme uma lista divulgada pela Casa Branca. Entre os setores beneficiados estão o aeronáutico, energético e agrícola. No entanto, áreas como a cafeicultura, a pecuária de corte e o agronegócio de frutas deverão sofrer impactos significativos.
Mapa das novas tarifas: países mais e menos afetados
A ordem executiva assinada por Trump traz um mapeamento claro das novas alíquotas de importação dos EUA, classificando os países conforme o grau de impacto. Veja a seguir os destaques:
Top 5 países mais penalizados:
- Brasil – 50%
- Síria – 41%
- Mianmar (Birmânia) – 40%
- Laos – 40%
- Suíça – 39%
Menores tarifas impostas:
- Reino Unido – 10%
- Ilhas Malvinas – 10%
Esses percentuais foram calculados com base no volume de importações, na relevância estratégica dos produtos e no grau de alinhamento comercial com os EUA.
Veja a lista completa de tarifas atualizadas por país
A seguir, a relação completa dos países taxados com os novos percentuais de tarifa de importação anunciados pelos Estados Unidos:
Afeganistão — 15%
Argélia — 30%
Angola — 15%
Bangladesh — 20%
Bolívia — 15%
Bósnia e Herzegovina — 30%
Botsuana — 15%
Brasil — 50%
Brunei — 25%
Camboja — 19%
Camarões — 15%
Chade — 15%
Costa Rica — 15%
Costa do Marfim — 15%
República Democrática do Congo — 15%
Equador — 15%
Guiné Equatorial — 15%
União Europeia — 15%
Ilhas Malvinas — 10%
Fiji — 15%
Gana — 15%
Guiana — 15%
Islândia — 15%
Índia — 25%
Indonésia — 19%
Iraque — 35%
Israel — 15%
Japão — 15%
Jordânia — 15%
Cazaquistão — 25%
Laos — 40%
Lesoto — 15%
Líbia — 30%
Liechtenstein — 15%
Madagáscar — 15%
Malawi — 15%
Malásia — 19%
Maurício — 15%
Moldávia — 25%
Moçambique — 15%
Mianmar (Birmânia) — 40%
Namíbia — 15%
Nauru — 15%
Nova Zelândia — 15%
Nicarágua — 18%
Nigéria — 15%
Macedônia do Norte — 15%
Noruega — 15%
Paquistão — 19%
Papua Nova Guiné — 15%
Filipinas — 19%
Sérvia — 35%
África do Sul — 30%
Coreia do Sul — 15%
Sri Lanka — 20%
Suíça — 39%
Síria — 41%
Taiwan — 20%
Tailândia — 19%
Trinidad e Tobago — 15%
Tunísia — 25%
Turquia — 15%
Uganda — 15%
Reino Unido — 10%
Vanuatu — 15%
Venezuela — 15%
Vietnã — 20%
Zâmbia — 15%
Zimbábue — 15%
Canadá: tarifa aumentada após tentativa frustrada de negociação
O Canadá também passou por um reajuste. A tarifa, que antes era de 25%, subiu para 35%. De acordo com nota divulgada pela Casa Branca, o aumento foi uma resposta à “retaliação contínua” canadense e à “falta de avanços nas negociações comerciais”.
O presidente Trump afirmou que, apesar do primeiro-ministro canadense Mark Carney ter feito contato próximo ao fim do prazo, nenhuma conversa efetiva ocorreu. Ainda assim, ele garantiu que a decisão do Canadá de reconhecer o Estado Palestino não será um impedimento definitivo para futuras tratativas.
“Eles têm que pagar uma tarifa justa — só isso. É muito simples. Eles vêm cobrando tarifas muito altas dos nossos agricultores, algumas acima de 200%, e têm tratado nossos produtores de forma injusta”, disse Trump em entrevista coletiva na Casa Branca.
Cartas e advertências: a diplomacia tarifária americana

A atual rodada tarifária tem origem em uma série de cartas enviadas pelo governo dos EUA em julho de 2025. Esses documentos informavam os países parceiros sobre a possibilidade de tarifas entre 20% e 50%, com prazo final em 1º de agosto para firmar novos acordos comerciais. O não atendimento aos termos propostos resultaria em sanções.
Segundo a administração Trump, 25 países receberam notificações formais, e apenas uma minoria respondeu de forma satisfatória. O Brasil, embora tenha mantido contatos diplomáticos, não conseguiu evitar a tarifa de 50%, embora tenha obtido uma lista de isenções.
Impactos para o Brasil: balança comercial em alerta
Com a nova tarifa de importação prestes a entrar em vigor no dia 7 de agosto, o impacto na balança comercial brasileira pode ser significativo. Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China.
Os produtos mais afetados incluem:
- Café: um dos itens mais valorizados no mercado americano
- Carne bovina: de alto valor agregado
- Frutas tropicais: como manga, mamão e melão
Esses segmentos tendem a perder competitividade, o que poderá resultar em queda nas vendas e aumento de estoques internos. O governo brasileiro já estuda medidas compensatórias e busca alternativas de diversificação de mercados.
EUA reforçam estratégia protecionista com impacto global
A decisão dos Estados Unidos de atualizar e ampliar tarifas de importação é mais um capítulo da política econômica protecionista defendida pelo presidente Donald Trump. Ao aplicar alíquotas que chegam a 50%, a administração norte-americana envia uma mensagem clara de endurecimento nas negociações comerciais.
O Brasil, como principal alvo da medida, precisa se reorganizar rapidamente para mitigar os impactos econômicos e estratégicos. O governo federal estuda uma nova rodada de acordos bilaterais e pode acionar organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), caso considere a medida injusta ou desproporcional.
Por ora, a entrada em vigor do tarifaço no dia 7 de agosto marca um ponto de inflexão nas relações comerciais internacionais, exigindo respostas rápidas, pragmáticas e coordenadas dos países atingidos.
Fonte >> https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/08/01/mapa-do-tarifaco.ghtml