Nesta sexta-feira, 1º de agosto, o mercado global amanheceu sob forte tensão após a Casa Branca anunciar uma nova rodada de tarifas de importação dos Estados Unidos para o Brasil e cerca de 69 outras nações. As medidas, descritas como “recíprocas” pelo governo norte-americano, entram em vigor a partir de 7 de agosto de 2025 e reacendem o temor de uma guerra comercial prolongada.
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Toggle🌐 Reação global: bolsas em queda e realocação de portfólios
O anúncio provocou forte aversão ao risco e movimentação nas carteiras de investimento em todo o mundo. Analistas apontam que, apesar da possibilidade de medidas compensatórias por parte do governo dos EUA, o impacto estrutural das tarifas preocupa os mercados de forma mais duradoura.
- Ásia: O índice Nikkei 225 caiu 1,4%, com destaque para perdas em empresas exportadoras como fabricantes de eletrônicos e autopeças. O Hang Seng de Hong Kong recuou 2,1% e o CSI 300 da China, 1,8%.
- Coreia do Sul: O índice Kospi caiu 1,6%, com empresas de semicondutores como Samsung e SK Hynix entre as mais afetadas.
- Austrália: O S&P/ASX 200 caiu 1,2%, puxado pelo setor de mineração. As ações da BHP e Rio Tinto registraram perdas superiores a 2,5%.
A queda nos contratos futuros de minério de ferro em Cingapura reflete a expectativa de menor demanda da China, que pode desacelerar sua indústria como reação às novas tarifas de importação dos Estados Unidos para o Brasil e outros parceiros.
🇪🇺 Europa sente impacto das tarifas americanas
Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 registrava queda de 1,3% pela manhã. Em Frankfurt, o DAX recuava 1,5%, pressionado por ações da indústria automobilística — especialmente Volkswagen e BMW, que temem perder competitividade nos EUA, destino-chave de suas exportações.
A libra esterlina e o euro também se desvalorizaram frente ao dólar, ampliando a percepção de risco no continente. O FTSE 100 de Londres recuava 1,1%, com destaque para perdas nos setores de energia e mineração.
As tarifas de importação dos Estados Unidos para o Brasil, China, México e Europa afetam setores estratégicos como automóveis, eletrônicos e produtos agrícolas. Analistas europeus alertam para o risco de fragmentação das cadeias produtivas globais.
Estados Unidos: mercado antecipa tensão prolongada
Nos EUA, os contratos futuros do S&P 500 operavam em baixa de 0,7%. A expectativa de prolongamento das tensões comerciais afeta diretamente o apetite por risco, mesmo entre mercados desenvolvidos.
Corretoras na Ásia e Europa revisaram para baixo as projeções de lucro de empresas com alta exposição ao comércio internacional. Indústrias automobilísticas, tecnológicas e de bens de capital lideram as revisões negativas.
🔍 Incerteza no radar: investidores aguardam resposta da China e Europa
Com o mercado ainda digerindo as tarifas de importação dos Estados Unidos para o Brasil, os investidores aguardam declarações das autoridades chinesas e europeias. Existe a possibilidade de retaliações comerciais ou até mesmo de disputas levadas à Organização Mundial do Comércio (OMC).
A volatilidade deve continuar elevada até que haja maior clareza sobre os próximos passos das grandes potências.
📉 Indicadores econômicos nos EUA
Indicador | Esperado | Anterior |
---|---|---|
Produção Industrial (Jun) | +0,4% | –0,5% |
Produção Industrial (12m) | –0,6% | +3,3% |
Emprego não agrícola (Jul) | 106 mil | 147 mil |
Taxa de desemprego (Jul) | 4,2% | 4,1% |
Ganho médio por hora (Jul) | 0,3% | 0,2% |
PMI Industrial (Jul) | 49,5 | 52,9 |
📊 Perspectiva do mercado
A recente imposição de tarifas de importação dos Estados Unidos para o Brasil e para outras economias globais acendeu novamente o alerta entre especialistas e investidores quanto aos riscos de um enfraquecimento ainda mais acentuado do comércio internacional. Essa mudança na política comercial norte-americana é percebida como um avanço significativo na direção do protecionismo, o que pode gerar uma série de consequências negativas nos próximos trimestres. Entre os principais impactos esperados estão a redução dos lucros das grandes empresas exportadoras, a diminuição da produtividade em diversos setores industriais e um possível freio no ritmo de crescimento econômico mundial. Para os investidores, essas tarifas criam um ambiente de maior incerteza e instabilidade, exigindo cautela nas decisões de alocação de capital e nas estratégias de expansão para mercados estrangeiros.
Fonte original: Forbes Money – Cláudio Gradilone