A inclusão de pessoas neurodivergentes no mercado de trabalho é um tema fundamental para promover diversidade e equidade. Um dos grandes nomes que tem se destacado nessa área é Silvano Furtado da Costa Silva, um jovem paraibano que, além de superar desafios acadêmicos e profissionais, tem trabalhado ativamente na criação de políticas e projetos voltados para a inclusão. Seu trabalho chamou atenção internacional, resultando em um convite para o Global Disability Summit, um dos principais eventos globais sobre deficiências, que ocorrerá em Berlim, no início de abril.
Neste artigo, exploramos a trajetória de Silvano, seus desafios, conquistas e a importância de sua participação nesse congresso.
A Jornada de Silvano Furtado
Desafios na Educação e Diagnóstico Tardio
Em 2017, com apenas 18 anos, Silvano Furtado surpreendeu a todos ao resolver as 90 questões da primeira fase da Fuvest em apenas uma hora. Sua rapidez e eficiência o levaram à aprovação no concorrido curso de Direito da Universidade de São Paulo (USP). No entanto, sua jornada acadêmica não foi isenta de desafios.
Foi durante a graduação que Silvano, com apoio de uma psicoterapeuta, descobriu que fazia parte do espectro da neurodiversidade. Aos 19 anos, recebeu o diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e altas habilidades/superdotção. Essa descoberta ajudou a explicar algumas de suas dificuldades, como desconfortos sensoriais, seletividade alimentar e um vocabulário extremamente formal.
“Eu tive um diagnóstico tardio porque, como migrante nordestino, não tive acesso à medicina assistencial na infância. Só descobri quando já estava enfrentando desafios na USP”, explica Silvano.
Adaptação ao Ambiente Universitário
Durante a pandemia, as aulas remotas foram um alívio para Silvano, pois eliminavam a necessidade de interações sociais presenciais e regras de convivência pouco previsíveis. No entanto, ao retornar ao presencial, enfrentou dificuldades com a estrutura da universidade. “Eu disse que só voltaria à USP após me formar se passassem a respeitar os neurodivergentes”, relata.
Com base em sua experiência, coordenou a política de acessibilidade pedagógica na Faculdade de Direito da USP, permitindo que estudantes com deficiência escolhessem as formas de avaliação mais adequadas para seu perfil, como dissertações ao invés de provas orais.
Atuação Profissional e Inclusão no Mercado de Trabalho
Criação da ConsulTEA e Carreira Internacional
Ao concluir a graduação, Silvano percebeu que muitos autistas formados não conseguiam se manter no mercado de trabalho. Segundo ele, “as empresas cobram constância, e não qualidade, o que torna o ambiente hostil para neurodivergentes”. Para mudar esse cenário, ele fundou a ConsulTEA, uma consultoria especializada em ajudar empresas a criar políticas inclusivas para pessoas neurodivergentes.
Além disso, passou a integrar a equipe de neurodiversidade da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, onde desenvolve projetos voltados para inclusão no ambiente de trabalho.
Global Disability Summit e o Papel do Brasil na Inclusão
Silvano foi recentemente convidado para o Global Disability Summit, um dos maiores eventos globais sobre deficiências, que ocorrerá em abril, em Berlim. “O Brasil ainda está muito atrasado nas discussões sobre autismo. Precisamos estar presentes nesses eventos para captar investimentos, estabelecer parcerias e entender o que os outros países estão fazendo”, ressalta.
Como Apoiar a Participação de Silvano no Congresso
Apesar do reconhecimento, Silvano enfrenta desafios financeiros para participar do evento. Ele precisa levantar recursos para passagens, hospedagem e alimentação na Alemanha. Para isso, criou uma vaquinha online e busca apoio de empresas que valorizam a inclusão. “Com a proximidade do evento, a captação de recursos se torna ainda mais desafiadora”, destaca.
Conclusão
A história de Silvano Furtado é um exemplo de superação e compromisso com a inclusão. Seu trabalho na área de acessibilidade e sua participação no Global Disability Summit podem gerar impactos positivos para milhares de neurodivergentes no Brasil. Empresas e indivíduos que desejam apoiar essa causa têm a oportunidade de contribuir para uma sociedade mais inclusiva e igualitária.