O mercado brasileiro de delivery, que movimenta mais de R$ 100 bilhões anualmente, está presenciando uma intensificação na competição entre as plataformas. A reentrada da 99Food em São Paulo, com um investimento de R$ 1 bilhão, e a estreia da Keeta, filial internacional da gigante chinesa Meituan, que planeja injetar R$ 5,6 bilhões, desafiam a liderança do iFood e a presença do Rappi.
As novas empresas prometem taxas reduzidas para restaurantes, maiores ganhos para os entregadores e promoções para os consumidores. No entanto, essa estratégia acarreta o risco de uma “guerra de subsídios”, que já se mostrou ineficaz no passado.
A 99Food, que havia desativado sua plataforma de entregas em 2023, aposta em um modelo sem mensalidades ou comissões, visando preços similares aos praticados nos estabelecimentos físicos. A empresa declara que está devolvendo o poder de precificação aos restaurantes. A estratégia inclui ainda incentivos para entregadores, com ganhos diários de até R$ 250, e a criação de pontos de apoio. A 99 possui uma base de 700 mil motociclistas parceiros, 55 milhões de usuários e atuação em 3.300 cidades.
Diante desse cenário, o iFood adota uma postura diferente. O CEO da empresa declara que não está focado em táticas de curto prazo, mas sim em construir vantagens competitivas. Em vez de uma guerra de preços, o iFood pretende reforçar seus diferenciais, como o iFood Hits, com planos de refeições a preços mais acessíveis, o delivery turbo, com entregas em até 20 minutos, e a integração com o WhatsApp, que já responde por 25 milhões de pedidos mensais. A empresa planeja investir em fintech, crédito para restaurantes e logística mais econômica.
A Keeta, controlada pela chinesa Meituan, também mira o mercado brasileiro. A empresa pretende alcançar 100 mil entregadores parceiros até 2030, instalar um centro de suporte no Nordeste e expandir sua rede de restaurantes. Seu foco é a tecnologia, com algoritmos para otimizar as rotas de entrega. A Keeta afirma ter testado soluções inovadoras em outros mercados, como o “Meal for One” em Hong Kong e o “Gathering” na Arábia Saudita.
O Rappi, com cerca de 9% do mercado, responde com promoções, como taxa zero para restaurantes em maio, o que atraiu 35% mais estabelecimentos e 50% mais usuários na vertical de comida. A empresa colombiana busca diversificar seus serviços, indo além da entrega de comida. Farmácias, supermercados, pet shops e o serviço turbo já representam mais da metade do negócio. A empresa recentemente obteve um investimento de US$ 100 milhões e recebeu um aporte de US$ 25 milhões da Amazon, que prevê um direito de compra de até 12% do capital do Rappi.
A entrada da 99Food e da Keeta pode trazer benefícios imediatos, mas também o risco de uma “guerra de subsídios”, que pode gerar prejuízos. Resta saber quais empresas conseguirão se estabelecer de forma duradoura no mercado brasileiro de delivery.
Fonte: forbes.com.br