Mercados financeiros tradicionais, a exemplo das bolsas de valores, estão considerando expandir seus horários de funcionamento para um regime 24 horas por dia, sete dias por semana. A medida visa atender a uma demanda crescente por maior flexibilidade e capacidade de resposta em tempo real a eventos globais que impactam os mercados.
O modelo de funcionamento contínuo já é realidade no mercado de criptomoedas desde 2009, proporcionando aos investidores a capacidade de reagir a acontecimentos a qualquer momento, sem as limitações dos horários tradicionais de pregão. Um exemplo citado é a reação do mercado brasileiro após o carnaval de 2020, quando a crise da Covid-19 se intensificou durante o feriado, impactando negativamente a reabertura da bolsa.
A Nasdaq solicitou à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) permissão para operar 24 horas, cinco dias por semana. Segundo o presidente da empresa, Tal Cohen, o objetivo é atender ao crescente número de investidores estrangeiros. A Chicago Board Options Exchange (CBOE) também fez processo semelhante, e a New York Stock Exchange (NYSE) já obteve autorização, embora ainda não tenha implementado o novo horário.
Especialistas divergem sobre os benefícios e riscos dessa mudança. Maurício Takahashi, professor da Universidade Mackenzie, compara o mercado 24/7 a uma “Las Vegas em Wall Street”. Roberto Dagnoni, do Mercado Bitcoin, defende a flexibilidade e liberdade que o modelo proporciona, já consolidado no setor de criptomoedas. Henrique Lara, sócio da Reach Capital, aponta que bolsas digitais de apostas e outras plataformas já operam dessa forma, influenciando a movimentação das bolsas de valores tradicionais. Ricardo Hammoud, professor da Faculdade Getulio Vargas (FGV), destaca a necessidade de atender à demanda crescente de investidores globais.
Entre os pontos positivos, defensores da medida citam a capacidade de ajustar posições em tempo real, a redução do risco entre o fechamento e a abertura do mercado, e uma maior competitividade. Argumenta-se que a flexibilidade atrairia um volume de negociações que atualmente se direciona para plataformas paralelas.
Por outro lado, críticos da expansão do horário temem a perda de liquidez e o aumento da volatilidade devido ao menor volume de transações em determinados horários. A regulamentação e a supervisão contínua do fluxo de negociações, principalmente em momentos de alta volatilidade, são outras preocupações. A necessidade de infraestrutura robusta e o aumento dos custos operacionais para manter um sistema de alta disponibilidade também são apontados como desafios.
Fonte: forbes.com.br