O aumento dos fertilizantes no Brasil tornou-se uma realidade inevitável para os agricultores que se preparam para a safra 2025/2026. O conflito no Oriente Médio, especificamente entre Irã e Israel, vem afetando a produção e o fornecimento de insumos agrícolas essenciais para o plantio. Essa nova crise logística e comercial já preocupa produtores de soja, milho e outras culturas estratégicas para o agronegócio nacional.
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ToggleEntenda por que o Brasil é tão dependente de fertilizantes importados
Antes de analisar os efeitos diretos do conflito, é importante entender um fator estrutural: o Brasil é fortemente dependente da importação de fertilizantes. O país não produz o suficiente para abastecer o mercado interno e, por isso, precisa importar grandes volumes de ureia, MAP e outros adubos essenciais.
Essa dependência histórica torna o aumento dos fertilizantes no Brasil um problema recorrente sempre que há crises internacionais que afetam os grandes fornecedores globais.
Quais são os principais impactos da guerra no fornecimento de fertilizantes?
O recente relatório da consultoria StoneX, divulgado no dia 23 de junho de 2025, traz dados alarmantes. Segundo o documento, tanto o Irã quanto o Egito enfrentam interrupções na produção de ureia, um dos fertilizantes nitrogenados mais usados no mundo.
Por que a produção de ureia está paralisada?
No Egito, a redução do fornecimento de gás natural por parte de Israel comprometeu a operação das fábricas de fertilizantes. Já no Irã, as plantas de ureia e amônia estão totalmente paradas. O motivo? Os riscos diretos da guerra e as sanções econômicas que dificultam o comércio exterior.
Esse cenário crítico alimenta o aumento dos fertilizantes no Brasil, refletindo diretamente nos custos para os produtores.
Situação atual das compras de fertilizantes pelos agricultores brasileiros
Segundo Renato Françoso, especialista da StoneX, os agricultores brasileiros já adquiriram cerca de 61% da demanda prevista de fertilizantes para o segundo semestre de 2025. No entanto, nem todos esses insumos foram efetivamente entregues.
Quem ainda não fechou as compras enfrenta agora uma relação de troca desfavorável. Isso significa que os produtores precisam vender uma quantidade maior de grãos para adquirir a mesma tonelada de fertilizante.
Exemplo prático da piora na relação de troca
Em março de 2025, um produtor de soja precisava vender 28 sacas do grão para comprar uma tonelada de MAP (um fertilizante rico em nitrogênio e fósforo). Apenas quatro meses depois, essa proporção subiu para 31 sacas.
Esse tipo de variação reforça o cenário de aumento dos fertilizantes no Brasil e pressiona o orçamento dos agricultores.
O menor poder de compra dos fertilizantes em mais de 30 meses
De acordo com um indicador da Mosaic, divulgado no início de junho, o poder de compra dos fertilizantes pelos agricultores brasileiros caiu ao menor nível em mais de 30 meses. Essa queda é resultado de dois fatores principais: a baixa nos preços das commodities agrícolas e o aumento no custo dos fertilizantes.
Esse desequilíbrio financeiro torna o aumento dos fertilizantes no Brasil ainda mais preocupante para o setor.
Produtores de milho são os mais afetados neste momento
Para quem cultiva milho, o problema é ainda mais urgente. Isso porque o Irã, atualmente em guerra, é responsável por atender entre 17% e 20% da demanda brasileira de ureia.
Jeferson Souza, analista da Agrinvest, destacou que a logística está cada vez mais conturbada. Segundo ele, ainda há um programa de importação robusto em andamento, mas as incertezas são muitas. De acordo com suas estimativas, o preço da ureia já subiu cerca de 25% em comparação ao ano anterior.
Haverá redução de área plantada de milho ou soja?
Francisco Vieira, analista da Agroconsult, acredita que ainda é cedo para afirmar se o custo elevado dos fertilizantes vai fazer os produtores brasileiros reduzirem a área plantada de milho ou soja na próxima safra. No entanto, ele alerta que, mesmo com alternativas de fornecimento — como China e Marrocos —, o maior problema será o preço.
Isso reforça a tendência de aumento dos fertilizantes no Brasil, mesmo que não haja uma escassez real de insumos.
Os efeitos logísticos: fretes em alta e risco de crise global de suprimentos
Outro fator que agrava o aumento dos fertilizantes no Brasil é o custo logístico. Evandro Turatto, diretor da Next Shipping, revelou que os fretes para cruzar o Estreito de Ormuz — rota marítima fundamental para o transporte de fertilizantes — dobraram de preço. A ameaça do Irã de fechar o estreito só piora o cenário.
Além disso, nas últimas duas semanas, o frete de contêineres fracionados teve um aumento médio de 30%. Turatto alerta que, se o conflito escalar, o mundo pode enfrentar uma crise de cadeia de suprimentos sem precedentes, com impactos maiores até do que os causados pela pandemia.
Existe uma solução no curto prazo?
Apesar de toda a tensão, os analistas ainda acreditam que o mercado internacional encontrará formas de ajustar a oferta. No entanto, o aumento dos fertilizantes no Brasil parece inevitável no curto prazo.
Alternativas como a importação de novos fornecedores, a busca por adubos de outras origens ou até mesmo incentivos do governo brasileiro para reduzir os impactos são medidas que estão sendo discutidas.
O que os agricultores devem fazer agora?
Os especialistas recomendam que os produtores que ainda não compraram seus fertilizantes para a safra 2025/2026 tomem decisões rapidamente. A tendência é que os preços continuem subindo, especialmente se o conflito no Oriente Médio se intensificar.
Além disso, quem puder diversificar os fornecedores e negociar prazos e condições de pagamento terá uma vantagem estratégica para minimizar os prejuízos.