O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15% em sua última reunião, conforme comunicado divulgado na quarta-feira (17). A decisão, interpretada por analistas como uma postura conservadora, sugere que o comitê não pretende abrir espaço para discussões sobre um possível corte de juros no curto prazo.
Segundo Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, o comunicado divulgado pelo Copom reflete um tom similar ao adotado em julho, indicando uma cautela reforçada em relação a flexibilizações na política monetária. A manutenção da Selic no patamar mais alto dos últimos 19 anos é justificada, de acordo com o Copom, pela necessidade de manter o caráter contracionista da política monetária em um cenário global incerto e com persistentes pressões inflacionárias no Brasil.
A economista Rafaela Vitória observou que o comunicado não mencionou a melhora do cenário externo, como o recente corte de juros nos EUA pelo Federal Reserve (Fed) e a expectativa de novas reduções. Essa omissão, segundo ela, ignora o impacto positivo que tais medidas podem ter sobre o câmbio e, consequentemente, sobre a inflação no Brasil.
Apesar da manutenção da Selic, Rafaela Vitória mantém a expectativa de um corte de juros em dezembro. No entanto, ela ressalta que o tom do comunicado do Copom diminui as chances dessa flexibilização. Para o próximo ano, a economista considera que os cortes de juros estão mais consolidados, restando a discussão sobre o momento exato de iniciar o ciclo de baixa.
Para Rafaela Vitória, o Copom adota uma postura cautelosa devido às expectativas de inflação ainda elevadas e ao dinamismo do mercado de trabalho. Ela também mencionou o risco fiscal como um ponto de atenção para a política monetária, ponderando que o risco tarifário é mais deflacionário para o Brasil.
A economista destaca que o patamar atual de juros é extremamente restritivo, com um juro real próximo de 10%. Ela questiona a efetividade da taxa Selic como instrumento para frear a economia, mas reconhece que o nível atual é alto até para os padrões históricos do país.
Fonte: forbes.com.br