As novas tarifas impostas pelo governo Trump a importantes parceiros comerciais, como Canadá, México, União Europeia e China, intensificam os desafios enfrentados pelo setor agrícola dos Estados Unidos. A queda nas exportações de soja e cereais, que vem ocorrendo desde 2018, pode se agravar ainda mais com essas medidas.
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Na zona rural de Maryland, entre vastas plantações de milho e soja, os agricultores reagem com preocupação à imprevisibilidade das políticas comerciais. Enquanto alguns apoiam a decisão presidencial, outros temem que o setor agrícola seja o principal prejudicado na disputa tarifária internacional.
Richard Wilkins, fazendeiro que cultiva soja desde 1973 e exporta sua produção através do Porto de Virgínia, defende a postura de Trump, acreditando que tarifas podem melhorar a posição dos EUA no mercado global. “Se isso nos garantir uma concorrência mais justa, estou do lado do presidente”, afirma.
Já Josh Messick, produtor de milho, trigo e cevada, expressa apreensão sobre a volatilidade do mercado. “É uma época assustadora. Não sabemos se devemos vender agora ou esperar até a colheita. Só posso confiar que Trump tomará decisões benéficas para nós”, explica.
Possíveis Consequências
O impacto total das tarifas pode demorar para ser sentido, mas há riscos evidentes. No curto prazo, alguns produtos agrícolas podem se tornar mais baratos para o consumidor interno caso as exportações diminuam. No entanto, para os produtores, a incerteza se traduz em dificuldades financeiras, especialmente se grandes compradores, como a China, reduzirem ainda mais suas compras.
Durante seu discurso de posse, Trump pediu paciência aos agricultores, mas muitos questionam até quando poderão sustentar prejuízos. “Se vamos ter que suportar perdas no curto prazo, espero que o governo forneça apoio”, desabafa um produtor de soja de Maryland.
Retrospectiva e Expectativas
As exportações agrícolas dos EUA para a China despencaram desde 2018, caindo de US$ 24 bilhões em 2014 para menos de US$ 10 bilhões em 2019. Apesar disso, Trump continua defendendo tarifas comerciais recíprocas, programadas para entrar em vigor contra a União Europeia em abril.
A Casa Branca incentiva os agricultores a focarem no mercado interno, mas lideranças do setor, como Caleb Ragland, da Associação Americana de Soja (ASA), alertam que os produtores ainda não se recuperaram das perdas da guerra comercial com a China. “Não podemos ser o bode expiatório dessa política. Precisamos manter acesso a mercados internacionais”, enfatiza.
Diante desse cenário, especialistas defendem negociações estratégicas para evitar novos danos ao setor agrícola. O sucesso ou fracasso dessa abordagem dependerá do equilíbrio entre protecionismo e diplomacia comercial.