O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, alinhada com as expectativas do mercado. Essa decisão, divulgada nesta quarta-feira, reflete a preocupação do Banco Central com as incertezas no cenário global e as persistentes pressões inflacionárias no Brasil. A Selic se mantém no patamar mais alto desde julho de 2006, há 19 anos.
O comunicado do Copom, divulgado após a reunião, enfatiza o caráter contracionista da política monetária. O documento aponta que a conjuntura internacional, influenciada pela política econômica dos Estados Unidos e tensões geopolíticas, contribui para a volatilidade nos mercados, exigindo cautela adicional.
Apesar dos sinais de moderação na atividade econômica, o mercado de trabalho permanece aquecido e a inflação se mantém acima da meta, com expectativas de descontrole para os próximos anos. O Copom reconhece riscos tanto para a alta, como a resiliência dos preços de serviços e a possibilidade de um câmbio mais desvalorizado, quanto para a baixa, como uma desaceleração econômica global mais acentuada e a queda dos preços das commodities.
O comunicado atual apresenta um tom mais cauteloso em relação ao de julho, quando a Selic foi mantida em 15% pela primeira vez, interrompendo um ciclo de alta. As expectativas de inflação estão mais deterioradas e a preocupação com as tarifas dos EUA é maior. A exemplo de julho, o Copom sinalizou que a manutenção da Selic depende da evolução do cenário.
Analistas do mercado consideram o comunicado mais duro do que o esperado, com um reforço no tom de cautela diante de um cenário incerto. Economistas ressaltam que o balanço de riscos para a inflação permanece elevado, com chances de descontrole das expectativas, pressão dos serviços e peso do câmbio.
Desde janeiro de 2025, os comunicados do Copom têm revelado uma escalada gradual da Selic, acompanhada de ajustes na política monetária. Em janeiro, a alta foi de 1 ponto percentual, atingindo 13,25% ao ano. Em março, o aumento foi de 1 ponto, levando a taxa a 14,25%. A partir daí, o ritmo desacelerou: 0,50 ponto em maio (14,75%) e 0,25 em junho (15%). Em julho, o Copom optou por manter a Selic em 15%.
Fonte: forbes.com.br