Sumário
ToggleOs trabalhadores integrantes do Sistema Petrobras iniciaram, na virada da meia-noite da última segunda-feira, dia 15, um movimento de greve de caráter nacional. A paralisação das atividades foi deflagrada por tempo indeterminado em diversas unidades da companhia. Conforme informações divulgadas pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), a mobilização demonstrou significativa força desde as primeiras horas da madrugada, quando foi registrada a entrega das operações em plataformas situadas no Espírito Santo e na região do Norte Fluminense a equipes de contingência da empresa. Este mesmo cenário de adesão total foi observado no Terminal Aquaviário de Coari, localizado no estado do Amazonas, onde a integralidade da operação se juntou ao movimento grevista, cessando suas atividades de forma imediata.
A Abrangência da Paralisação nas Unidades Estratégicas
A amplitude do movimento se estendeu rapidamente pelas primeiras horas do dia. Pela manhã da mesma segunda-feira, empregados de seis refinarias que integram as bases da FUP igualmente aderiram à greve nacional. Nestas instalações, os trabalhadores não compareceram para realizar o revezamento de turno previsto para as 7 horas, resultando na interrupção das trocas de grupos de trabalho. As refinarias que, até o momento da comunicação, registravam essa ausência de revezamento de turno incluíam a Refinaria Gabriel Passos (Regap), situada em Betim, Minas Gerais; a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro; a Refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo; a Refinaria Capuava (Recap), em Mauá, São Paulo; a Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, São Paulo; e a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), localizada em Araucária, Paraná. A interrupção nessas unidades estratégicas demonstra a capilaridade da mobilização em importantes polos de produção e processamento de derivados de petróleo no Brasil.
Motivações e Reivindicações do Movimento Petroleiro
A decisão de iniciar a greve nacional foi uma consequência direta da rejeição da segunda contraproposta apresentada pela Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). As entidades representativas da categoria avaliaram a oferta da estatal como insuficiente para atender às demandas dos trabalhadores. A nova proposição foi formalmente entregue pela empresa na terça-feira anterior, dia 9, contudo, segundo os sindicatos, não conseguiu promover avanços significativos nos três pontos considerados centrais e inegociáveis para a categoria. Esses pilares das negociações são fundamentais para a pauta dos trabalhadores e englobam questões de longo prazo e de impacto direto no bem-estar financeiro e nas condições de trabalho.
Os Três Pilares da Pauta de Reivindicações
O primeiro ponto de discordância reside na busca por uma solução definitiva para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros. Este é um tema de extrema relevância, pois os desequilíbrios financeiros desses planos de previdência complementar têm impactado diretamente a renda de um vasto contingente de aposentados e pensionistas ligados à Petrobras. A discussão sobre os PEDs já se estende por um período considerável, aproximadamente três anos, envolvendo não apenas as entidades sindicais e a empresa, mas também órgãos governamentais, sem que uma resolução conclusiva e satisfatória tenha sido alcançada. A ausência de uma proposta robusta da Petrobras para sanar essa questão crônica foi um dos principais motivadores da paralisação.
O segundo aspecto crítico abordado nas negociações refere-se às melhorias no plano de cargos e salários dos empregados. A categoria reivindica garantias de recomposição salarial que reflitam as perdas inflacionárias e a valorização profissional, sem que estas recomposições sejam submetidas à aplicação de mecanismos de ajuste fiscal. A preocupação é assegurar que os ganhos obtidos não sejam corroídos por políticas de contenção orçamentária, garantindo a estabilidade e a progressão da carreira dos trabalhadores de forma justa e transparente. A falta de avanço concreto neste quesito contribuiu para a percepção de insuficiência da contraproposta patronal.
Por fim, a terceira pauta primordial para o movimento é a chamada “Pauta pelo Brasil Soberano”. Esta linha de reivindicações transcende as questões salariais e de previdência, focando na defesa de um modelo estratégico para a própria Petrobras. Os trabalhadores, por meio de seus representantes, defendem a manutenção da Petrobras como uma empresa pública robusta e com um modelo de negócios que seja intrinsecamente voltado ao fortalecimento da estatal e ao desenvolvimento do país. Essa visão engloba o papel da companhia no cenário energético nacional e internacional, bem como seu impacto na economia e na sociedade brasileira como um todo. A falta de sinalização da empresa em relação a esses princípios de soberania e fortalecimento estratégico gerou descontentamento adicional.
A Federação Única dos Petroleiros reforçou que, além de não apresentar respostas definitivas sobre os PEDs, um assunto que, como mencionado, já é discutido há quase três anos com o governo e as entidades de participantes, a administração da Petrobras também não ofereceu soluções consistentes para outras pendências que se acumularam ao longo do processo de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho. Essa persistência de pontos não resolvidos intensificou o impasse e solidificou a decisão de deflagrar a greve.
Posicionamento Oficial da Petrobras Diante da Greve
Em comunicado oficial, a Petrobras confirmou o registro de manifestações em diversas unidades da companhia em virtude do movimento grevista deflagrado. A empresa, no entanto, destacou que, até o momento, não foi identificado qualquer impacto significativo na produção de petróleo e seus derivados. Para assegurar a continuidade das operações e minimizar potenciais interrupções, a companhia informou ter adotado uma série de medidas de contingência, envolvendo o acionamento de equipes de supervisão e trabalhadores não aderentes ao movimento para manter as atividades essenciais. Estas ações visam garantir que a cadeia produtiva não seja comprometida.
Garantia de Operações e Abastecimento ao Mercado
A Petrobras enfatizou em sua nota que o abastecimento de petróleo e derivados ao mercado consumidor brasileiro está plenamente garantido. A empresa assegurou que sua capacidade de produção, refino e distribuição não foi afetada de forma a gerar desabastecimento, reafirmando seu compromisso em manter a oferta de combustíveis e outros produtos essenciais para a economia e a sociedade. As medidas de contingência implementadas buscam precisamente blindar as operações contra os efeitos da paralisação, preservando a segurança operacional e a regularidade do fornecimento.
Diálogo Permanente e Respeito à Manifestação
A empresa também fez questão de reafirmar seu respeito irrestrito ao direito de manifestação dos seus empregados, um princípio fundamental em um ambiente democrático de trabalho. A Petrobras salientou que mantém um canal de diálogo permanente e aberto com as entidades sindicais representativas dos trabalhadores. Este canal, segundo a companhia, opera continuamente, independentemente de agendas externas ou de eventuais manifestações públicas que possam ocorrer. A administração da estatal completou seu comunicado afirmando que permanece empenhada em concluir o processo de negociação do acordo coletivo na mesa de tratativas com as entidades sindicais, buscando uma resolução para o impasse atual através do diálogo construtivo e da busca por um consenso que beneficie ambas as partes.
Acompanhe as próximas atualizações sobre a greve dos petroleiros e os desdobramentos das negociações entre a Petrobras e as entidades sindicais para compreender os impactos e as resoluções deste importante movimento.
FAQ
O que motivou a greve dos trabalhadores do Sistema Petrobras?
A greve foi motivada pela rejeição da segunda contraproposta da Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerada insuficiente pelas entidades sindicais, que alegam falta de avanços em pontos cruciais como os PEDs da Petros, melhorias salariais e a pauta pelo Brasil Soberano.
Quais unidades da Petrobras foram afetadas pela paralisação inicial?
Inicialmente, a greve afetou plataformas no Espírito Santo e Norte Fluminense, o Terminal Aquaviário de Coari (AM) com 100% de adesão, e as refinarias Regap (MG), Reduc (RJ), Replan (SP), Recap (SP), Revap (SP) e Repar (PR), onde não houve revezamento de turno.
Qual é o posicionamento da Petrobras em relação à greve?
A Petrobras reconheceu as manifestações, mas informou que não há impacto na produção de petróleo e derivados, garantindo o abastecimento ao mercado. A empresa também destacou que adotou medidas de contingência e mantém um canal de diálogo permanente com os sindicatos, respeitando o direito de manifestação dos empregados.
Fonte: https://acordadf.com.br



















