Democratas pedem investigação urgente sobre inclusão de editor-chefe do ‘The Atlantic’ em conversas ultrassecretas sobre ataques no Iémen; Trump minimiza o caso

 

A inclusão acidental do editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, em um grupo de bate-papo ultra-secreto sobre ataques no Iémen gerou um intenso debate nos Estados Unidos sobre a segurança nacional e o vazamento de informações sensíveis. O Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Michael Waltz, está sendo pressionado a deixar o cargo após a revelação de que ele compartilhou informações militares confidenciais com Goldberg. O caso foi divulgado publicamente na segunda-feira (24), e a repercussão rapidamente se espalhou, causando um tumulto político nos EUA e reações na Europa.

O vazamento de informações confidenciais

Segundo a revista The Atlantic, Goldberg foi adicionado por Waltz a um grupo no aplicativo de mensagens Signal, usado por membros de alto escalão do governo de Donald Trump para discutir detalhes sensíveis da estratégia militar dos EUA no Oriente Médio. A conversa no grupo envolvia tópicos relacionados a ataques planejados contra os Houthis, no Iémen, e detalhes sobre a movimentação das tropas americanas. As mensagens sobre as ofensivas foram compartilhadas no grupo com uma antecedência de apenas duas horas, antes de os ataques realmente ocorrerem.

Entre os membros do grupo estavam figuras de alto escalão como Pete Hegseth, secretário de Defesa dos EUA, John Ratcliffe, diretor da CIA, e outros influentes funcionários da administração Trump. Em uma entrevista à NBC News, o presidente Donald Trump minimizou o incidente, alegando que foi “uma falha isolada” e que Waltz “aprendeu a lição”. No entanto, o presidente não conseguiu conter o crescente descontentamento entre seus críticos, que veem o caso como uma violação grave da segurança nacional.

Reações e investigações em curso

Democratas na Câmara e no Senado dos EUA rapidamente pediram uma investigação urgente sobre o caso. O líder da minoria da Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, afirmou que os republicanos deveriam se unir aos democratas para investigar a violação de segurança e responsabilizar aqueles envolvidos. O episódio também gerou uma série de perguntas sobre a adequação das práticas de segurança dentro do governo Trump, especialmente em relação ao uso de aplicativos comerciais para discutir informações confidenciais. Autoridades dos EUA temem que a falta de controle sobre quem tem acesso a essas informações tenha comprometido a integridade das operações militares.

O senador Richard Blumenthal expressou seu ceticismo sobre a forma como a segurança foi tratada pelo governo de Trump, enfatizando que o incidente reflete uma falta de treinamento adequado para os envolvidos, bem como a insuficiência das medidas para garantir a proteção de informações sensíveis.

Quem estava no grupo e o que foi discutido

O grupo, segundo relatos de Goldberg, tinha 18 membros e incluía não apenas os mencionados altos funcionários do governo, mas também alguns indivíduos cujos papéis ainda são incertos. Entre os participantes estavam:

  • MAR: possivelmente Marco Antonio Rubio, Secretário de Estado.
  • JD Vance: supostamente o vice-presidente dos EUA.
  • TG: possivelmente Tulsi Gabbard, Diretora de Inteligência Nacional.
  • Pete Hegseth: Secretário de Defesa dos EUA.
  • Scott B: possivelmente o Secretário do Tesouro, Scott Bessent.
  • Brian: nome não especificado, podendo ser Brian Hughes, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, ou Brian McCormack, chefe de gabinete de Waltz.

A inclusão de Goldberg no grupo se deu no dia 11 de março, quando o jornalista recebeu uma solicitação de Michael Waltz no Signal, aplicativo conhecido por sua criptografia de ponta a ponta. Inicialmente, Goldberg duvidou da veracidade do grupo, supondo que a Casa Branca utilizaria um meio mais seguro para discutir questões tão sensíveis. No entanto, quando os ataques de porta-aviões americanos contra os Houthis começaram, Goldberg percebeu que o grupo era legítimo e continuou a monitorar as conversas.

A reação de Goldberg e o início da investigação

Após perceber que as mensagens eram reais, Goldberg se retirou do grupo e imediatamente iniciou uma investigação sobre a violação de segurança. Ele entrou em contato com Waltz e enviou um e-mail para autoridades do governo dos EUA questionando a legitimidade do grupo e alertando sobre a inclusão de um jornalista sem a devida autorização de segurança. Ele também começou a escrever a matéria que mais tarde expôs o caso publicamente, gerando repercussão mundial.

Uma possível violação da Lei de Espionagem

Os advogados especializados em segurança nacional entrevistados pela The Atlantic alertam que o compartilhamento de informações confidenciais em um grupo de mensagens comerciais pode ser considerado uma violação da Lei de Espionagem dos Estados Unidos. Essa lei, promulgada em 1917, criminaliza a transmissão de informações sensíveis que possam prejudicar a segurança nacional. Especialistas destacam que o uso de um aplicativo de mensagens para discutir operações militares e estratégicas é uma violação dos protocolos de segurança, pois esses canais não oferecem a proteção necessária para informações classificadas.

Além disso, os advogados afirmam que informações sigilosas não podem ser apagadas ou manipuladas, como ocorreu no caso do grupo coordenado por Waltz. O fato de um jornalista, que não tinha a autorização de segurança apropriada, ter tido acesso a essas mensagens aumenta a gravidade da situação, já que ele não deveria ter sido incluído no grupo de forma alguma.

Implicações para a segurança nacional e a imagem do governo Trump

Esse episódio levanta sérias questões sobre os protocolos de segurança do governo Trump, especialmente em relação ao tratamento de informações confidenciais e à falta de controle sobre quem tem acesso a dados sensíveis. Com a crescente pressão para que o caso seja investigado, os críticos do governo ressaltam a necessidade urgente de uma revisão das práticas de segurança e dos métodos de comunicação dentro da administração federal.

À medida que o escândalo se desenrola, a Europa também reagiu com apreensão, com aliados dos EUA expressando preocupação sobre a exposição de planos militares sensíveis, o que pode ter repercussões nas relações internacionais e na confiança entre os países. O caso continua a ser um ponto de tensão e um reflexo das falhas de segurança em um momento crítico para a política externa dos Estados Unidos.

 

 

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