O Ibovespa alcançou um novo marco histórico, superando os 161 mil pontos nesta terça-feira, impulsionado por uma combinação de fatores internos e externos. O índice de referência da bolsa de valores brasileira registrou sua 15ª nova máxima histórica em um período de 26 sessões, demonstrando a força do mercado acionário nacional.
O índice oscilou entre 158.611,50 e 161.092,25 pontos, atingindo uma alta de 1,56% no pico e fechando próximo à máxima do dia. O volume de negociações totalizou R$ 24,5 bilhões. No acumulado da semana e do mês, o Ibovespa apresenta alta de 1,27%, elevando o ganho no ano para 33,93%.
Impacto das Declarações de Trump e da Pesquisa Eleitoral
O Ibovespa ganhou tração com as declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Trump mencionou que o diálogo abordou temas como comércio e sanções ao Brasil, embora sem fornecer detalhes adicionais.
Simultaneamente, a divulgação de uma pesquisa AtlasIntel/Bloomberg contribuiu para o otimismo do mercado financeiro. O levantamento apontou para um aumento da rejeição ao governo Lula, de 48,1% para 50,7%, enquanto a avaliação positiva recuou de 51,2% para 48,6%. Esse movimento interrompeu a trajetória de recuperação observada desde agosto, colocando a administração em um terreno mais desafiador.
Análise do Mercado
Especialistas do mercado financeiro interpretaram esses eventos como catalisadores para o desempenho positivo do Ibovespa. Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destacou que o mercado está se posicionando para a flexibilização da taxa Selic no próximo ano. Além disso, ele mencionou que a pesquisa eleitoral, ao indicar um aumento da preocupação da população com a segurança pública, tende a fortalecer a candidatura da direita, linha política preferida pelo mercado devido à percepção sobre a gestão das contas públicas na eleição de 2026.
Rubens Cittadin Neto, especialista em renda variável da Manchester Investimentos, observou que o mercado também tomou nota da declaração do presidente Lula de que definirá até março se concorrerá ou não à reeleição. Essa indefinição pode ter gerado otimismo no mercado, na medida em que o governo atual enfrenta dificuldades em alinhar o fiscal, o que se reflete na taxa de juros.
Desempenho Setorial
Entre as blue chips, o desempenho modesto da Petrobras, em um dia de baixa do petróleo em Londres e Nova York, foi compensado pelo setor financeiro, que exibiu alta mais forte. Destaque para o Santander Unit e o Itaú, que encerrou o dia no pico do pregão, assim como o Ibovespa. A Vale ON também apresentou desempenho reforçado em direção ao fim do dia.
Na ponta ganhadora, destacaram-se CVC, Vamos e Localiza. No lado oposto, TIM, Pão de Açúcar e Gerdau foram as poucas ações da carteira Ibovespa a fecharem em baixa.
Produção Industrial e Taxas de Juros
Na agenda econômica, a produção industrial de outubro, divulgada pelo IBGE, apresentou um desempenho aquém do esperado, com alta de 0,1% em relação a setembro. Esse resultado reforça a percepção de desaceleração da atividade econômica, o que contribuiu para o fechamento da curva de juros e para impulsionar o Ibovespa.
Bruno Perri, economista-chefe da Forum Investimentos, chamou a atenção para o desempenho das ações cíclicas na B3, segmento mais sensível ao ritmo de crescimento econômico e aos juros. Ele ressaltou que, apesar dos sinais de perda de ímpeto da atividade econômica no curto prazo, o fechamento da curva de juros e o reforço nas apostas de que a Selic pode cair já em janeiro ajudaram esses papéis na sessão.
Dólar Recua e Volta a Fechar Abaixo de R$ 5,33
O dólar apresentou queda firme nesta terça-feira, voltando a fechar abaixo da linha de R$ 5,33. Operadores atribuíram esse movimento ao apetite ao risco no mercado internacional, que abriu espaço para correção das perdas do real na segunda-feira. O ambiente externo é marcado pelas apostas crescentes em redução de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na próxima semana.
O real apresentou o segundo melhor desempenho entre as moedas emergentes e de países exportadores de commodities mais líquidas, atrás do peso chileno. A melhora das intenções de voto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na corrida presidencial de 2026, em pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, também pode ter contribuído para a valorização da moeda brasileira.
Aprovação de Projeto no Senado
O economista sênior do Banco Inter, André Valério, destacou a aprovação pelo Senado do projeto que aumenta a tributação de Fintechs e Bets. O relatório aprovado estende a isenção de Imposto de Renda para distribuição de dividendos do ano-calendário 2025 apurados até 30 de abril de 2026. Esse movimento retirou um pouco da pressão da antecipação de remessas para escapar da tributação, o que levou o dólar às mínimas da sessão.
Juros Futuros
O alívio nos juros futuros negociados na B3 ganhou fôlego na segunda etapa do pregão, após a elevação das taxas observada na segunda-feira. Os DIs a partir do miolo da curva encontraram espaço para ceder um pouco mais em sintonia com a curva dos Treasuries. Agentes citam a aprovação, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, do projeto de lei que aumenta a taxação de bets, fintechs, Juros sobre Capital Próprio (JCP) e algumas instituições financeiras como possível condutor adicional da queda.
Perspectivas
O mercado financeiro segue atento aos próximos desdobramentos da política monetária, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, bem como aos indicadores econômicos que sinalizam o ritmo de crescimento da economia brasileira.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que impulsionou a alta do Ibovespa?
A alta do Ibovespa foi impulsionada por uma combinação de fatores, incluindo declarações de Donald Trump, resultados de pesquisas eleitorais e perspectivas de flexibilização da taxa Selic.
Qual o impacto da pesquisa eleitoral no mercado?
A pesquisa eleitoral que apontou para um aumento da rejeição ao governo Lula contribuiu para o otimismo do mercado, que tende a preferir candidatos com uma agenda de ajuste fiscal.
O que esperar para o futuro do Ibovespa?
O futuro do Ibovespa dependerá de uma série de fatores, incluindo a política monetária, o desempenho da economia brasileira e os eventos políticos.
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