Professor de direito constitucional André Marsiglia expressou críticas contundentes sobre a seletividade observada nas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), durante sua participação em um programa de televisão. A análise do professor focou na aparente contradição entre a postura do STF em relação à sua própria blindagem e a forma como a corte avaliou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visava proteger o Congresso Nacional.
Marsiglia apontou que o ministro Gilmar Mendes pareceu empenhado em proteger o STF, enquanto a corte, em outra ocasião, considerou inconstitucional uma proposta semelhante que beneficiaria o Congresso. Essa divergência de tratamento foi o ponto central da crítica do professor, que questionou a coerência das decisões do STF.
Críticas à Seletividade e à “Blindagem” do STF
O professor Marsiglia questionou a lógica por trás da interpretação de que a blindagem seria uma prerrogativa democrática quando se trata do STF, mas seria considerada inconstitucional quando o Congresso tentou implementar medidas semelhantes. Para ele, essa seletividade levanta sérias questões sobre a imparcialidade e a justiça das decisões da corte.
Marsiglia argumentou que, se a blindagem é vista como algo negativo, essa percepção deve ser aplicada a todas as instituições. Se, por outro lado, a blindagem é considerada legítima, então todas as instituições deveriam ter o mesmo direito. A disparidade de tratamento, segundo ele, é o que torna as decisões do STF passíveis de críticas.
Usurpação de Poderes e o Papel do Povo
O professor de direito constitucional foi além da questão da blindagem, classificando a situação como uma “usurpação não só dos poderes do Senado, mas dos poderes do povo”. Ele mencionou o artigo 41 da Lei 1079, que trata da lei de impeachment, e destacou que essa legislação confere ao povo o direito de denunciar ministros do STF.
De acordo com Marsiglia, esse poder foi retirado do povo e transferido para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que ele descreveu como “um poder aliado ao próprio STF”. Essa mudança, para o professor, representa um grave prejuízo para a democracia e para a separação de poderes.
Para Marsiglia, privar o povo de uma prerrogativa que lhe é garantida por lei e retirar do Senado, que é o representante do povo, a sua capacidade de fiscalização, são ações de extrema gravidade. Ele questionou se essa blindagem do STF justifica tais medidas, argumentando que a proteção da corte não pode ser feita à custa dos direitos do povo e das prerrogativas do Senado.
Influência da Formação de Gilmar Mendes
Marsiglia também comentou sobre a formação do ministro Gilmar Mendes, mencionando que ele estudou Direito Constitucional na Alemanha e que possui uma forte influência da história alemã em sua formação jurídica, em particular da dissolução da República de Weimar.
No entanto, o professor ressaltou que essa influência não justifica determinadas posições, uma vez que “nós temos outra realidade, outros tempos e outra Constituição também”. Ele argumentou que é preciso considerar o contexto brasileiro ao interpretar a Constituição e ao tomar decisões que afetam a vida do país.
A análise de André Marsiglia levanta questões importantes sobre a atuação do STF e sobre a necessidade de garantir a coerência e a imparcialidade das decisões judiciais. As críticas do professor evidenciam a importância do debate público sobre o papel do STF na sociedade brasileira e sobre os limites do poder da corte.
FAQ
O que motivou as críticas do professor André Marsiglia ao STF?
As críticas foram motivadas pela percepção de seletividade nas decisões do STF, especialmente em relação à blindagem da corte e à avaliação da PEC da blindagem do Congresso.
Qual o argumento central do professor em relação à blindagem do STF?
O argumento central é que a blindagem, se considerada democrática para o STF, deveria ser permitida também para outras instituições, e que a seletividade nas decisões da corte é problemática.
O que o professor quis dizer com “usurpação de poderes”?
Ele se referiu à transferência do poder de denúncia de ministros do STF, que antes era do povo, para a PGR, que ele considera um órgão aliado ao STF.
Garanta que suas decisões estejam sempre alinhadas com os princípios constitucionais. Consulte um especialista em direito constitucional.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br



















