Destaques Históricos e Desafios no Esporte Paralímpico Brasileiro

O cenário do esporte paralímpico brasileiro vivenciou um ano de contrastes marcantes, iniciando o ciclo preparatório para os Jogos de Los Angeles em 2028. A temporada foi caracterizada por conquistas sem precedentes em campeonatos mundiais, onde o Brasil demonstrou uma performance excepcional, alcançando o topo dos quadros de medalhas em diversas modalidades. Paralelamente aos êxitos esportivos, o período também foi palco de tensões nos bastidores, envolvendo atletas e a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) devido a exigências associadas ao programa Bolsa Atleta.

Ainda no início da temporada, em fevereiro, o Brasil já celebrava um feito significativo no esqui cross country. Cristian Ribera, atleta rondoniense, sagrou-se campeão mundial na prova de sprint de um quilômetro, durante o evento realizado em Trondheim, Noruega. Sua performance destacada o posiciona como uma promessa de medalha para o país na próxima Paralimpíada de Inverno, agendada para março de 2026 nas cidades italianas de Milão e Cortina.

Conquistas Inovadoras no Tênis em Cadeira de Rodas e Judô

No mês de maio, o Brasil obteve um resultado histórico na Copa do Mundo de Tênis em Cadeira de Rodas, realizada em Antalya, Turquia. A seleção brasileira da classe quad, composta por atletas com limitações em ao menos três membros, alcançou a final pela primeira vez na história da competição, garantindo a medalha de prata após ser superada pela equipe da Holanda. Na categoria júnior, a equipe brasileira também se destacou, chegando à semifinal e finalizando o torneio em quarto lugar, com participações relevantes dos atletas mineiros Vitória Miranda e Luiz Calixto. Ambos os jovens talentos estenderam seu brilho para os renomados Grand Slams. Vitória Miranda conquistou os títulos de simples e duplas femininas no Aberto da Austrália e em Roland Garros, na França, tendo como parceira a belga Luna Gryp. Luiz Calixto, por sua vez, foi campeão do torneio de duplas masculinas em solo australiano, competindo ao lado do norte-americano Charlie Cooper. Este ano marcou o último período de ambos na categoria júnior.

No mesmo mês de maio, o Campeonato Mundial de Judô, que ocorreu em Astana, Cazaquistão, consagrou o Brasil como líder inédito no quadro de medalhas. A delegação brasileira conquistou 13 pódios, com cinco medalhas de ouro. A paulista Alana Maldonado garantiu o tricampeonato na categoria até 70 quilos da classe J2 (baixa visão). O paraibano Wilians Araújo se tornou bicampeão na categoria acima de 95 quilos da classe J1 (cego total). Um momento notável foi a final inteiramente brasileira na categoria acima de 70 quilos da classe J2, na qual Rebeca Silva superou a também paulista Meg Emmerich. Adicionalmente, Brenda Freitas, do Rio de Janeiro, e Rosi Andrade, do Rio Grande do Norte, conquistaram ouros inéditos nas categorias até 70 quilos e até 52 quilos, respectivamente, ambas na classe J1.

Desempenho de Destaque na Canoagem e Ciclismo

Em agosto, o Mundial de Canoagem, sediado em Milão, Itália, foi palco da conquista do único ouro brasileiro pelo sul-mato-grossense Fernando Rufino, na prova de 200 metros da classe VL2 (atletas que utilizam tronco e braços na remada). Esta vitória espelhou o resultado da final paralímpica dos Jogos de Paris em 2024, onde o paranaense Igor Tofalini novamente ficou em segundo lugar. A performance brasileira na Itália resultou em cinco pódios no total.

No mesmo mês, o Mundial de Ciclismo de Estrada, realizado em Ronce, Bélgica, viu o paulista Lauro Chaman assegurar seu tricampeonato na prova de resistência da classe C5 (deficiências moderadas de membros superiores). Já em outubro, o Mundial de Ciclismo de Pista, sediado no Velódromo do Rio de Janeiro, resultou em nove medalhas para a equipe brasileira. Destaque para a paulista Sabrina Custódia, que conquistou o ouro e estabeleceu um recorde no contrarrelógio de um quilômetro na classe C2 (comprometimento físico-motor que não impede a utilização de uma bicicleta convencional).

A Força Aquática e Atlética do Brasil em Mundiais

Em setembro, o Mundial de Natação em Singapura apresentou uma disputa acirrada pelo topo do quadro de medalhas, com a Itália liderando com 18 ouros. O Brasil consolidou sua posição em sexto lugar, com 13 medalhas de ouro e um total de 39 pódios. Entre os principais nomes, o mineiro Gabriel Araújo, conhecido como Gabrielzinho, da classe S2 (segunda de maior comprometimento físico-motor), e a pernambucana Carol Santiago, da classe S12 (baixa visão), foram as estrelas da delegação, cada um com três medalhas de ouro.

O mês de outubro testemunhou um momento histórico para o atletismo brasileiro em Nova Déli, Índia. A seleção de atletismo encerrou o Campeonato Mundial na liderança do quadro de medalhas, com um impressionante total de 15 ouros, 20 pratas e nove bronzes, superando a China. Este feito é notável, pois nas três edições anteriores, os brasileiros haviam conquistado a segunda posição. Esta foi apenas a segunda vez que a China não ocupou o primeiro lugar na competição. A estrela da delegação brasileira em solo indiano foi Jerusa Geber, do Acre, que conquistou duas medalhas de ouro, tornando-se tetracampeã dos 100 metros rasos na classe T11 (cego total). Sua coleção em Mundiais agora soma 13 pódios, compreendendo sete ouros, cinco pratas e um bronze, superando as 12 medalhas (oito ouros e quatro pratas) da mineira Terezinha Guilhermina, que competia na mesma categoria.

Ainda em outubro, no Campeonato Mundial de Halterofilismo, a seleção feminina do Brasil garantiu a medalha de ouro por equipes, com a participação da carioca Tayana Medeiros, da mineira Lara Lima e da paulista Mariana d’Andrea. As atletas também alcançaram o pódio nas disputas individuais realizadas no Cairo, Egito. Mariana d’Andrea e Tayana Medeiros conquistaram a prata nas categorias até 73 quilos e 86 quilos, respectivamente, enquanto Lara Lima obteve a medalha de bronze entre as atletas até 41 quilos.

Tensão nos Bastidores: O Conflito no Tênis de Mesa

Apesar de o próximo Mundial de Tênis de Mesa estar previsto para 2026, a modalidade esteve em evidência este ano devido a questões extra-esportivas. Em julho, um grupo de nove atletas, que juntos acumulam 16 medalhas paralímpicas, formalizou um ofício ao Ministério do Esporte. O documento expressava a insatisfação do grupo com a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) em relação a uma série de exigências. Entre as reclamações, destacava-se a obrigatoriedade de os atletas investirem um percentual, variando entre 30% e 60%, do valor recebido via Bolsa-Pódio – a principal categoria do programa Bolsa Atleta. Esse investimento seria destinado ao custeio da participação em campeonatos internacionais. Adicionalmente, os atletas seriam compelidos a incluir em seus planejamentos esportivos a participação em pelo menos dez eventos fora do país. A aprovação do plano esportivo pela entidade, condição necessária para o recebimento do benefício junto ao Governo Federal, estaria condicionada a essas diretrizes.

No ofício, os mesatenistas solicitaram diversas ações, incluindo a intervenção na confederação e o reconhecimento da excelência por resultados, em vez da quantidade de eventos disputados. Também pleitearam a elaboração de um planejamento com “critérios técnicos objetivos”. Em resposta ao manifesto, o Ministério do Esporte esclareceu que “não há previsão, no normativo vigente do Programa Bolsa Atleta”, para as exigências impostas pela CBTM. Diante da repercussão e do posicionamento oficial, a entidade revogou a medida. Contudo, a tensão e o racha entre os atletas e a confederação persistem.

FAQ: Perguntas Frequentes sobre o Esporte Paralímpico Brasileiro

Quais foram os principais feitos do Brasil nos Campeonatos Mundiais?

O Brasil liderou o quadro de medalhas nos Mundiais de atletismo e judô, além de conquistar medalhas de ouro e pódios significativos no esqui cross country, tênis em cadeira de rodas, canoagem, ciclismo e halterofilismo.

Qual foi a controvérsia envolvendo a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM)?

Um grupo de atletas expressou insatisfação com a CBTM devido a exigências de que investissem parte do Bolsa-Pódio para custear participações em campeonatos internacionais e cumprissem um mínimo de dez eventos fora do país para ter seus planos esportivos aprovados.

Como o Ministério do Esporte respondeu à situação do Tênis de Mesa?

O Ministério informou que as exigências da CBTM não possuíam previsão no normativo vigente do Programa Bolsa Atleta, o que levou à revogação da medida pela confederação, embora o racha permaneça.

Para mais informações sobre as políticas de apoio aos atletas e as iniciativas governamentais no esporte, consulte o Programa Bolsa Atleta. Acompanhe também os avanços e desafios do Esporte Paralímpico no Brasil.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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