Sumário
ToggleA assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia foi novamente adiada, consolidando um cenário de impasse que persiste apesar de expectativas anteriores de conclusão. Este desdobramento foi evidenciado durante a Cúpula de Líderes do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, neste sábado (20). A promessa de finalizar as negociações já em janeiro não se concretizou, mantendo as divergências em torno de políticas de protecionismo comercial como principal entrave.
A continuidade das negociações tem sido marcada por frustrações recorrentes, mas, conforme análise de Thais Herédia, especialista no tema e comentarista do CNN Prime Time, o acordo representa a melhor alternativa para ambos os blocos econômicos. Em sua avaliação, o Mercosul, historicamente conhecido por suas fricções internas e pela dificuldade em otimizar o comércio entre seus membros, é frequentemente classificado como o bloco mais fechado do mundo, ostentando as tarifas externas mais elevadas. Contudo, a especialista enfatiza que, mesmo diante desses desafios intrínsecos, a aliança com a União Europeia continua sendo a via mais vantajosa para o bloco sul-americano.
Para a União Europeia, a não concretização do acordo pode acarretar perdas ainda maiores. Herédia argumenta que o cenário político internacional, que passou por significativas transformações na política externa global após eventos como a eleição de Donald Trump, exige que os países busquem ativamente novas saídas e alianças estratégicas. Tais parcerias são consideradas fundamentais para o fortalecimento mútuo em um ambiente geopolítico volátil. Nesse contexto, a União Europeia enfrentaria um prejuízo considerável ao não selar o pacto, possivelmente superando os impactos negativos no Mercosul.
A dimensão econômica envolvida no acordo é um dos seus aspectos mais notáveis. A união dos blocos representaria uma parceria que abrange uma população expressiva e economias cujo Produto Interno Bruto (PIB) somado atinge a marca impressionante de aproximadamente US$ 22 trilhões. Essa magnitude econômica, segundo a analista, reitera a racionalidade da conclusão do acordo, superando as barreiras do protecionismo europeu. Muitos países europeus manifestam receios quanto à competição com produtos oriundos do Mercosul, um fator que contribui para a resistência e as divergências atuais nas mesas de negociação.
No âmbito das críticas internas ao Mercosul, as observações do presidente argentino Javier Milei foram abordadas por Herédia. Milei questiona os desentendimentos e fracassos inerentes ao bloco. A analista reconhece a validade dessas críticas, afirmando que os atritos internos são, de fato, uma realidade no Mercosul. Entretanto, Herédia contrapõe a ideia de que a Argentina se beneficiaria de acordos comerciais individuais com potências como a China ou os Estados Unidos. Segundo sua perspectiva, uma abordagem solitária não traria vantagens substanciais para a Argentina, mas sim para as grandes potências comerciais envolvidas, que encontrariam nesses acordos a oportunidade de fortalecer suas próprias posições.
Mesmo com o Brasil tendo encerrado sua presidência no Mercosul sem a concretização do acordo com a União Europeia, a especialista reforça que tanto a economia brasileira quanto a do bloco sul-americano não podem desistir dessa negociação. A batalha por esse acordo, embora prolongada e desafiadora, permanece um imperativo estratégico para o desenvolvimento econômico e o posicionamento global da região. A continuidade das discussões é vista como essencial para que o Mercosul possa superar suas próprias barreiras e consolidar uma parceria que traga benefícios a longo prazo, em linha com os princípios que fundamentam a integração regional e os direitos humanos, considerados pilares importantes para a coesão do bloco.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Qual foi o principal desdobramento da Cúpula de Líderes do Mercosul?
A Cúpula de Líderes do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu, Paraná, neste sábado (20), resultou no adiamento, mais uma vez, da assinatura do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, evidenciando a persistência de um impasse nas negociações.
Qual é o motivo do novo adiamento do acordo comercial entre os blocos?
O principal motivo do adiamento são as persistentes divergências relacionadas a questões de protecionismo comercial, conforme apontado durante as discussões e análises sobre o tema.
Por que o acordo Mercosul-União Europeia é considerado crucial, segundo análises especializadas?
Apesar das frustrações e impasses, o acordo é visto como a melhor opção para ambos os blocos devido à sua impressionante dimensão econômica, envolvendo uma população significativa e economias que, juntas, somam aproximadamente US$ 22 trilhões. Além disso, a sua importância é reforçada pela necessidade de formação de alianças em um cenário global de contínuas mudanças na política externa.
O acompanhamento das discussões e negociações futuras entre o Mercosul e a União Europeia permanece essencial para compreender os rumos do comércio global e regional.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br



















