Em São Francisco, uma startup do Vale do Silício está revolucionando o mercado de trabalho ao se especializar no recrutamento de especialistas para treinar modelos de inteligência artificial. A Mercor, liderada pelo CEO Brendan Foody, viu uma oportunidade de crescimento significativo após a Meta anunciar a aquisição de grande parte da Scale AI, uma gigante em rotulagem de dados.
A empresa, fundada em 2023 por Foody, Adarsh Hiremath e Surya Midha, todos bolsistas do programa Thiel, que oferece US$ 100 mil anuais para jovens empreendedores que optam por não cursar a faculdade, rapidamente se adaptou ao cenário em constante evolução da IA. Inicialmente focada em modernizar o recrutamento com uma plataforma de entrevistas conduzidas por avatares de IA, a Mercor redirecionou sua estratégia para atender à crescente demanda por profissionais capazes de treinar modelos de IA avançados.
Essa mudança de foco provou ser bem-sucedida. A Mercor anunciou uma projeção de receita anual de US$ 100 milhões e lucrou US$ 6 milhões no primeiro semestre deste ano, com um crescimento mensal de quase 60% nos últimos seis meses. A empresa, que conta com o apoio de investidores de peso como Benchmark e Jack Dorsey, cofundador do Twitter, contratou recentemente Sundeep Jain, ex-diretor de produto da Uber, como seu primeiro presidente, visando escalar suas operações.
O diferencial da Mercor reside na oferta de especialistas altamente qualificados, como PhDs e advogados, que recebem salários entre US$ 90 e US$ 150 por hora. Esses profissionais são essenciais para treinar modelos de raciocínio complexos, ensinando-os a “pensar” em tarefas que envolvem múltiplas etapas. A empresa destaca ainda seus algoritmos de matching, que garantem a escolha do candidato ideal para cada projeto. Entre os perfis de destaque para o treinamento de IA, estão grandes mestres de xadrez e detetives particulares.
Apesar da concorrência acirrada no setor, a Mercor conquistou grandes laboratórios de IA, incluindo a OpenAI. A Applied Compute, fundada por ex-funcionários da criadora do ChatGPT, utiliza os serviços da Mercor para obter conjuntos de dados em áreas específicas, como finanças.
Em fevereiro, a Mercor levantou US$ 100 milhões em uma rodada de investimento liderada por Felicis, Benchmark e General Catalyst, o que elevou seu valor de mercado para US$ 2 bilhões. Peter Fenton, sócio da Benchmark e investidor inicial do Twitter e Yelp, juntou-se ao conselho da empresa.
A Mercor está se preparando para se mudar para o antigo escritório do Instagram, um espaço maior para acomodar sua equipe em expansão. A empresa também estreou na 89ª posição da lista Cloud 100, que destaca as maiores empresas privadas de computação em nuvem do mundo.
Fonte: forbes.com.br
