Metade dos envolvidos com tráfico não conclui ensino médio

Um estudo recente revela que a maioria das pessoas envolvidas com o tráfico de drogas no Brasil não possui ensino médio completo. A pesquisa, que coletou respostas de quase 4 mil indivíduos, aponta que apenas dois em cada dez entrevistados concluíram essa etapa da educação básica.

O levantamento, denominado Raio-X da Vida Real, foi conduzido pelo Instituto Data Favela, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa). Os dados foram coletados pessoalmente entre 15 de agosto e 20 de setembro de 2025, em favelas de 23 estados brasileiros, buscando retratar a realidade de indivíduos envolvidos com atividades criminosas.

Os dados revelam que 35% dos entrevistados não completaram o ensino fundamental, enquanto 7% sequer receberam qualquer instrução formal. Apenas 22% concluíram o ensino médio, e 16% o iniciaram, mas não o terminaram. Quando questionados sobre o que fariam diferente em suas vidas, 41% afirmaram que teriam estudado mais e buscado uma formação.

Marcus Vinícius Athayde, copresidente do Data Favela e presidente da Cufa Global, ressaltou a importância da educação como fator de mudança na vida dessas pessoas. Ele enfatizou que programas de incentivo ao trabalho devem estar atrelados à educação, especialmente para os jovens que se arrependem de não terem estudado. Entre os cursos superiores de maior interesse, Direito lidera com 18%, seguido por Administração (13%), Medicina/Enfermagem (11%) e Engenharia/Arquitetura (11%).

A pesquisa também abordou a questão familiar, revelando que 35% dos entrevistados foram criados em famílias tradicionais, enquanto 38% cresceram em famílias monoparentais, lideradas majoritariamente por mães (79%). As figuras femininas, como mães, tias e avós, desempenham um papel crucial na vida dessas pessoas. As pessoas mais importantes para os entrevistados são a mãe (43%), os filhos (22%), a avó (7%) e o pai (7%).

O sonho de consumo mais citado pelos entrevistados é a aquisição da casa própria (28%), seguido pela compra de uma casa para a família (25%), evidenciando a busca por segurança patrimonial.

Outro ponto alarmante identificado na pesquisa são os problemas de saúde mental. Insônia (39%), ansiedade (33%), depressão (19%), alcoolismo (13%) e crises de pânico (9%) são comuns entre os entrevistados. A ansiedade é mais prevalente entre aqueles com menor renda, mas também afeta significativamente aqueles que iniciaram o ensino superior, mas não o concluíram (72%).

A pesquisa aponta que a falta de acesso à educação, oportunidades de trabalho e problemas como alcoolismo, drogas e violência doméstica são fatores que contribuem para a entrada no crime. A maioria (68%) dos entrevistados não sente orgulho do que faz, demonstrando a consciência de que exercem uma atividade ilegal.

Ao identificarem os principais problemas do Brasil, os entrevistados apontaram a pobreza e as desigualdades (42%) em primeiro lugar, seguidas pela corrupção (33%). Violência, falta de acesso à educação e à saúde também foram mencionadas, embora em menor proporção.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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