O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) anunciou a instalação de um novo modelo de radar eletrônico em diversas rodovias do país. Esses “pardais inteligentes” vão além do tradicional registro de velocidade instantânea: agora, eles também conseguem calcular a velocidade média do veículo em determinado trecho da via.
A medida visa aumentar a segurança nas estradas, combater o uso do chamado “freio moral” e reduzir o número de acidentes provocados pelo excesso de velocidade.
Índice
ToggleO que são os pardais de velocidade média?
Diferente dos radares comuns que capturam a velocidade exata em um ponto, os novos equipamentos utilizam dois sensores instalados em pontos diferentes da via. Ao registrar o horário em que o veículo passa por cada ponto, o sistema calcula o tempo de deslocamento e, com isso, a velocidade média praticada no trecho.
Se essa média ultrapassar o limite estabelecido, o motorista receberá uma infração como ocorre com os radares tradicionais.
Por que o DER está adotando essa tecnologia?
O principal motivo é o aumento da segurança viária. Muitos motoristas reduzem a velocidade apenas ao se aproximar dos radares convencionais e, logo após passá-los, voltam a acelerar — comportamento conhecido como “efeito estilingue”. Isso diminui a eficácia dos controles de velocidade e contribui para acidentes.
Com o novo sistema, não adianta frear apenas nos pontos com radar. O motorista precisa manter uma condução responsável durante todo o trecho monitorado.
Como funciona a medição da velocidade média?
O funcionamento é simples e eficaz:
Identificação do veículo: câmeras de alta resolução capturam a placa do veículo ao passar pelo primeiro ponto de monitoramento.
Registro de tempo: o sistema anota o horário exato da passagem.
Segundo ponto de medição: ao passar pelo segundo sensor, a placa e o horário são novamente registrados.
Cálculo da média: com a distância entre os dois pontos e o tempo percorrido, o sistema calcula a velocidade média do veículo.
Infração: se essa média estiver acima do permitido, o condutor será autuado.
Em quais rodovias os novos pardais serão instalados?
O DER ainda não divulgou a lista completa de locais, mas confirmou que a implantação ocorrerá em rodovias com altos índices de acidentes, trechos urbanos com tráfego intenso e regiões com histórico de abusos de velocidade.
Os primeiros testes devem ocorrer em:
Trechos da Rodovia dos Bandeirantes (SP)
BR-040 (MG-RJ)
Rodovia Anhanguera (SP)
BR-116 (PR)
A expectativa é de que até o fim do ano, mais de 100 novos equipamentos estejam em operação em todo o país.
Qual será o impacto para os motoristas?
1. Maior fiscalização
A nova tecnologia representa um aumento significativo na vigilância das rodovias. Motoristas precisarão adotar uma condução constante e segura em vez de reduzir a velocidade apenas perto dos radares.
2. Redução de acidentes
Experiências em outros países mostram que esse tipo de radar contribui para redução de até 30% nos acidentes fatais, principalmente em vias de alta velocidade.
3. Maior controle sobre transportadoras
Caminhoneiros e frotistas também terão de ajustar seus cronogramas, respeitando os limites para evitar penalidades.
4. Possível aumento nas multas
No curto prazo, espera-se um aumento no número de multas, especialmente nos trechos recém-monitorados. A tendência, no entanto, é de que os números caiam com o tempo, à medida que os condutores se adaptarem.
Multas e pontos na CNH: o que muda?
O tipo de infração continuará sendo calculado com base no percentual excedente da velocidade média em relação ao limite da via:
Até 20% acima: infração média (4 pontos, R$ 130,16)
Entre 20% e 50% acima: infração grave (5 pontos, R$ 195,23)
Acima de 50%: infração gravíssima (7 pontos, R$ 880,41, com suspensão imediata da CNH)
A tecnologia por trás dos novos radares
Os equipamentos utilizam câmeras com leitura automática de placas (OCR), sensores de solo e sistema de comunicação criptografado com bancos de dados do DER e do Detran. Tudo é monitorado em tempo real por centrais regionais.
Além disso, os novos dispositivos operam com painéis de LED informativos, que alertam os motoristas sobre o início e o fim da zona de medição da velocidade média, aumentando a transparência do processo.
O que dizem os especialistas?
Especialistas em mobilidade urbana e segurança viária afirmam que a medida é um avanço necessário. Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), o excesso de velocidade é o principal fator de risco para mortes no trânsito.
“Com os radares de velocidade média, a tendência é de que os motoristas se conscientizem mais. A tecnologia tem um papel educativo, além de punitivo”, afirma o engenheiro de tráfego Mauro Silveira.
Existe risco de erro?
A tecnologia possui margem mínima de erro, segundo o DER, inferior a 1%. Todos os sistemas passarão por aferição e homologação pelo INMETRO antes de entrar em operação. Motoristas que se sentirem lesados ainda poderão recorrer da multa normalmente.
FAQ – Perguntas Frequentes
Quando os novos pardais começam a funcionar?
Os primeiros entrarão em operação no segundo semestre de 2025, após testes e aferições.
Como saberei se estou em uma área com radar de velocidade média?
Placas de sinalização obrigatórias indicarão claramente o início e o fim da zona de medição.
E se eu parar o carro no acostamento ou em um posto entre os dois pontos?
O sistema considera apenas o tempo total entre os dois sensores. Se o tempo for longo demais, a infração não será registrada, pois a velocidade média será compatível.
Isso é permitido pela lei de trânsito?
Sim. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) autoriza diferentes formas de fiscalização de velocidade, desde que homologadas.
Considerações finais
A instalação dos novos pardais que calculam a velocidade média representa um passo importante para a modernização da fiscalização no Brasil. A tecnologia promete salvar vidas, reduzir acidentes e incentivar uma cultura de direção mais responsável nas rodovias.
Para os motoristas, fica a lição: mais do que obedecer aos radares, é preciso respeitar os limites durante todo o trajeto.